segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O FUTEBOL ANTIGO

A ESPN está passando vídeos das partidas da copa do mundo da Fifa de 1970.
Aquela em que o Brasil foi campeão, no México, com Pelé, Tostão, Jair, Gerson e outros.
Eu era jovem à época, tinha meus 20 anos, e quando assistia os jogos ficava maravilhado.
Agora, vendo-os de novo, fico muito decepcionado.
Cada época nos dá um gosto e molda nosso olhar.
Como pude, um dia, gostar daquilo que agora me desagrada tanto?
Tento assistir, neste mesmo momento em que escrevo, o jogo entre Itália e Alemanha pela semifinal de 1970.
Impossível.
O jogo é de uma lentidão exasperante.
Os erros são infantis.
Os goleiros são ruins - Albertosi e Sep Mayer - mas para a época eram considerados estraordinários.
As jogadas são primárias.
Parece que todos jogam andando.
Andam um pouco, engatam uma carreira, andam de novo.
O preparo físico das duas seleções é para um jogo onde se anda, não onde se corre.
As duas poderiam vencer, com  dificuldades, a seleção feminina alemã de hoje.
Talvez não vencessem a seleção feminina dos EUA.
Marta seria titular, fácil, em qualquer das duas seleções.
E estrela maior. 
Pensam que exagero?
Emil Zatopec - apelidado de Locomotiva humana - o maior corredor de sua época, tem o seu recorde bem abaixo daquele conseguido pela recordista mundial feminina de hoje.
O desnível competitivo do futebol de 1970 com o atual é tão grande que o jogo parece outro.
Um jogo em que não se podia combater, não se podia ocupar espaços, não se podia atacar em bloco... em que o objetivo não era mesmo competir.
Nenhum dos jogadores daquela época, jogando como jogavam, teria condições de atuar em um time profissional de hoje.
Tostão, em artigo recente de sua coluna na FSP, diz que antigamente havia mais espaços abertos durante uma partida.
E que, com grandes espaços, os jogadores tinham que ser mais habilidosos.
Não é verdade.
Com todo o espaço existente, Beckembauer, Overath, Gigi Riva e outros - grandes naquela época -  jogavam de forma bisonha.
Vejo-os agora e tento entender por que os admirei.
Naquela época eles foram muito bons, mas ainda que bons, eram também primários. 
O meu olhar também era primário.
O olhar de todos nós.
O futebol evoluiu muito.
Para tirar prova do primarismo das equipes de 1970, tentem assistir uma partida inteira do mundial que a ESPN está mostrando.
Duvido que alguém consiga.

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