domingo, 17 de novembro de 2013

SEEDORF PARA PRESIDENTE

17/11/2013 - 01h17 (Texto de Paulo Vinícius Coelho na Folha de São Paulo)

Na melhor parte do jantar, Seedorf falava sobre os problemas do início de carreira. Logo depois de deixar o Ajax, iria para a Juventus, da Itália. O negócio emperrou. "Na minha carreira, sempre tratei as crises como oportunidades." Dois anos depois, ele vestia a camisa 10 do Real Madrid, campeão espanhol.
O holandês é um dos interessados em melhorar o futebol brasileiro. Não é líder, mas um dos apoiadores do movimento Bom Senso F.C. Acuados pelo crescimento das manifestações, os dirigentes da CBF fingem não enxergar uma crise. Muito menos uma oportunidade.
No Brasil do futebol, os problemas agravam-se pela absoluta falta de habilidade de Marin e Marco Polo Del Nero.
Todo mundo pensa nas fórmulas capazes de tornar o futebol brasileiro melhor. Seedorf também. "Os estaduais poderiam ser como a Copa da Liga Inglesa. Jogados no meio de semana, os clubes grandes usariam reservas, mas escalariam jogadores importantes várias vezes. Os suspensos, os que voltam de lesão."
A pergunta não é se a teoria está certa ou errada. A questão é que Seedorf pensa. Paulo André pensa. Alex pensa. E quem tem a função de pensar foge do problema.
Empurra seus funcionários para situações constrangedoras, como a que viveu o árbitro Alício Pena Júnior nesta semana. Sem noção, decidiu cumprir ordens e avisar os jogadores que aplicaria cartão amarelo em quem se manifestasse durante São Paulo x Flamengo. Alício potencializou o constrangimento.
Seedorf está neste texto apenas por ter participado de um jantar com este colunista dez dias atrás e exposto toda a sua capacidade de refletir sobre questões que não são obrigatoriamente as dele.
De pensar no desenvolvimento do futebol em um país que não é o seu. Ele próprio, símbolo de um campeonato que se enche de craques na mesma medida em que se esvazia de público.
Durante anos, repetiu-se que o Brasil não tinha estádios lotados, porque não tinha ídolos. Nos últimos três anos, Neymar, Seedorf, Ronaldo, Rogério Ceni, Luís Fabiano e Ganso trocaram passes por aqui.
O Brasileirão tem jogadores importantes de seleções relevantes, como Vargas, do Chile, Lodeiro, do Uruguai, Montillo, da Argentina. E os estádios estão às moscas, exceto nas grandes decisões.
Thiago Silva recebeu telefonema convocando os jogadores da seleção da qual é capitão a ingressarem no movimento. Na maior parte, os craques de Felipão jogam fora do Brasil. Partiram em busca da organização que não temos.
Seedorf fez o caminho contrário. Chama o Brasil de Meca do futebol numa clara a referência ao potencial que aqui existe.
Por ora, a CBF faz da Meca um mico.
Existe uma crise. Que grande oportunidade

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