quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O FIM DO CENTROAVANTE, A LENDA

Fala-se, ainda hoje do centroavante, como aquele jogador fincado dentro da área adversária, alto, forte, trombando, fazendo pivô, escorando bola para a chegada dos meias, cabeceando, pegando bolas sobradas.
A rigor, esse jogador existiu apenas nos primórdios do futebol.
Até princípio de 1960, talvez, com Vavá, bi-campeão mundial no Chile.
Vavá, apelidado de O Tanque, jogador que formou noVasco da Gama um ataque famoso: Sabará, Almir, Vavá, Rubens e Pinga, e na seleção com Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagalo.
E com Paulinho Valentim no ataque do Botafogo: Garrincha, Didi, Paulinho Valentim, Quarentinha e Zagalo.
De lá pra cá, nem o folclórico Dadá Maravilha, o Dario Peito de Aço... nem o Nunes do Flamengo.
Nem Serginho Chulapa, nem Dinamite ficavam fincados dentro da grande área, embora Dinamite tenha sido aplidado de O Poste, na sua triste e curta passagem pelo Barcelona.
Todos eles voltavam para "buscar jogo", tinham arrancadas para o gol, deslocavam-se para um e para o outro lado.
A seleção da CBF foi campeã do mundo com Ronaldinho que nunca jogou fincado dentro da área.
Nunca foi trombador.
E nunca soube cabecear.
Poucos grandes times tiveram centroavante assim.
O lendário Real Madrid, campeão de tudo na Europa, tinha um ataque formado por Canário, Del Sol, Di Stéfano, Puskas e Gento.
Di Stéfano jogava de intermediária a intermediária.
O Barcelona atual não joga com um centro avante.
Todos são meias, exceto Pedro e Telo, atacantes pelos lados.
A Alemanha de Beckembauer tinha Gerd Muller, que era um jogador parecido com Romário, um goleador que não ficava fincado dentro da grande área.
A famosa Holanda de 1974 que dividiu o futebol mundial em antes e depois dela, não tinha centro-avante.
O Brasil de 1970 tinha uma linha com Jairzinho, Gerson, Tostão, Pelé e Rivelino.
Estou sempre "escalando" times com cinco atacantes para melhor situar o jogador mais avançado que seria o centroavante centroavante.
Tostão voltava, armava, marcava, atacava pelo meio e também pela esquerda.
O Brasil de 1994 tinha Romário que nunca ficou preso dentro da área.
O Cruzeiro de Tostão, tinha um ataque com Natal, Tostão, Evaldo, Dirceu Lopes e Hilton.
Evaldo nunca ficou preso dentro da área.
O Santos de Pelé tinha Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
Coutinho nunca ficou fincado dentro da área.
Nem Pagão antes, nem Toninho depois.
Dos grandes times do futebol brasileiro, apenas o Inter com Dadá Maravilha e o Flamengo de Zico com o Nunes, tiveram centroavantes que lembravam o velho Vavá.
O centroavante centroavante, o gigante trombador, quase um jogador de rubgy enfiado no meio dos zagueiro adversários é, hoje, apenas uma lenda do futebol.
No entanto, fala-se dele na imprensa com o ímpeto dos imbecis.
Um conhecido jornalista esportivo dizia, semana passada na TV e depois em seu blog, que o Palmeiras precisava, com urgência, contratar um centroavante de referência na frente para substituir Barcos.
Há coisas que vão sendo repetidas, repetidas, até que alguém aponte o dedo e diga: isto é idiotice.
A tendência no futebol é que o centroavante desapareça, tal como desapareceram os pontas e nunca mais reapareceram.
O jogo pelos lados e o jogo pelo meio sempre vai existir.
O especialista, aquele que fica plantado na sua posição, desapareceu.
No futebol e na vida.
Era mais fácil comentar sobre futebol quando eles supostamente existiam.

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